Algodão Orgânico: Tudo o que precisávamos de saber

Algodão Orgânico: Tudo o que precisávamos de saber


Sabemos que o equilíbrio do Planeta está em risco e que a riqueza e diversidade dos recursos naturais estão ameaçadas.

Mas podemos, diariamente, escolher opções, conscientes e fundamentadas, que sejam sustentáveis para o ambiente.

Algo tão simples como vestir uma T-shirt ou usar um tote bag de algodão orgânico pode ajudar a fazer a diferença.

Mas o que é o algodão orgânico? Quais são as suas vantagens e benefícios? Qual é a diferença entre algodão convencional e algodão orgânico?

Vamos responder a estas e outras questões neste artigo.


O que é o algodão?


O algodão é originário de uma planta da família das Malváceas, o algodoeiro (Gossypium L.), um arbusto de folhas grandes, com flores geralmente brancas ou amarelas, e frutos capsulares, com sementes envoltas em filamentos celulósicos, e que chega a atingir os 2 metros de altura.


É a fibra têxtil natural mais usada na história do vestuário e na produção de outros artigos têxteis.


Na planta do algodão, a pluma, que representa cerca de 40% do peso, é usada na indústria têxtil e na indústria médica (por exemplo, cotonetes ou algodão hidrófilo), e o caroço, que representa cerca de 60% do peso, é utilizado, por exemplo, na indústria alimentar ou na produção de biodiesel.


A planta de algodão, nativa da Ásia, África e América, é cultivada em áreas com clima quente.


China, EUA, Uzbequistão, Brasil e Turquia são os países líderes mundiais na produção de algodão.



O que é o algodão orgânico?


O algodão orgânico é geralmente definido como o algodão cultivado organicamente a partir de plantas não modificadas geneticamente e sem o uso de produtos químicos agrícolas sintéticos, como fertilizantes ou pesticidas.


O algodão orgânico, contrariamente ao algodão tradicional, cresce sem recurso a aditivos sintéticos, pesticidas e transgéneros e não é geneticamente modificado.


Que técnicas são utilizadas no fabrico de algodão orgânico?


Os produtores de algodão orgânico não podem usar produtos químicos, como pesticidas, mas têm opções para proteger as suas plantações de pragas e preservar a qualidade do solo.


Os agricultores orgânicos usam métodos naturais, como o plantio de plantas companheiras ou associações de cultivo favoráveis (onde uma planta ajuda a outra), a permacultura (que assenta em 3 princípios: cuidado com a terra, cuidado com as pessoas e distribuição de excedentes), a rotação de culturas (mover plantas entre diferentes campos) e insetos benéficos (como joaninhas).


Estas técnicas também ajudam a construir um solo saudável que retém nutrientes ao longo do tempo e que evita a utilização de água e fertilizantes em excesso.


Podemos fazer a diferença escolhendo algodão orgânico?


Podemos ajudar a combater a pegada ambiental da indústria da moda escolhendo um produto que é mais amigo do planeta.

Vivemos num mundo absurdamente consumista. Não queremos saber de onde determinada peça veio ou como foi feita, queremos apenas saber qual é o seu preço, sem pensarmos nos recursos naturais e humanos utilizados.


O demasiado acessível, o “barato”, tem um tremendo impacto: mudanças climáticas, poluição química, perda de biodiversidade, uso excessivo ou inadequado de recursos não renováveis, geração de resíduos, efeitos negativos sobre a saúde humana e para as comunidades produtoras.


Apesar do argumento, dos produtores de algodão convencional, de que a produtividade de cada arbusto de algodoeiro ter aumentado em 42% nos últimos 35 anos, em grande parte devido à biotecnologia, não elimina a necessidade de repensar a indústria, já que o fabrico de algodão convencional deixou de ser sustentável



Quais são as vantagens do algodão orgânico?


A cultura de algodão orgânico diminui o impacto ambiental.


Um estudo encomendado pela Textile Exchange (uma organização internacional sem fins lucrativos que procura promover uma indústria têxtil mais sustentável) e que se baseou nos produtores dos cinco países que ocupam os lugares cimeiros de cultivo de algodão orgânico (Índia, China, Turquia, Tanzânia e EUA) mostra que, em comparação com o cultivo convencional de algodão, há grandes reduções em:


  • consumo de água;
  • emissão de gases;
  • acidificação do solo;
  • eutrofização das águas;
  • consumo de energia.


O algodão orgânico é produzido com base nos princípios da agricultura biológica e diminui os danos causados no solo, nas águas, no ar — no ambiente.

Vantagens do algodão orgânico em relação ao convencional:


  • Preservação do solo graças ao sistema de rotação de culturas (vai alternando o mesmo espaço com outra espécie para que os nutrientes do solo não se esgotem), descartando a necessidade de fertilizantes sintéticos. Não há uso de pesticidas, pois as pragas são combatidas com a inserção de espécies predatórias benéficas ou com outro tipo de plantas que atraiam esses insetos.


  • Diminuição do impacto negativo do uso de pesticidas: segundo a Pesticide Action Network UK, as culturas de algodão representam 2,4% das terras cultivadas no mundo, mas usam 6% dos pesticidas mundiais, mais do que qualquer outra cultura. Inúmeros estudos dão conta de casos de doenças relacionadas com a exposição a produtos químicos agrícolas. E alguns destes produtos químicos têm suscitado sérias preocupações, como o glifosato, um herbicida da Monsanto amplamente utilizado mas considerado pela Organização Mundial de Saúde como «potencialmente cancerígeno». O Agricultural Health Study, financiado pelo National Cancer Institute e pelo National Institute of Environmental Health Sciences, é um dos maiores estudos de saúde em curso, com quase 90 mil participantes de comunidades agrícolas e divulgou casos de cancro, doença de Parkinson, diabetes ou asma.


  • Criação de mais emprego qualificado, num modelo que possui uma relação mais equilibrada entre todos os intervenientes, comparativamente à produção comum que, ainda hoje e em muitos lugares do mundo, faz uso de mão de obra escrava. Os métodos de agricultura biológica ajudam os pequenos produtores a desenvolver uma atividade económica justa (fair trade).


  • Diminuição do consumo de água: sabemos que a produção de algodão (e de vestuário, no geral) exige quantidades significativas de água e a principal preocupação ambiental com o uso da água refere-se à irrigação, especialmente em países como a Índia, com grande escassez de água.


  • Menor poluição da água: o cultivo de algodão orgânico diminui os níveis de poluição da água em 98%, de acordo com um relatório da Water Footprint (2011), uma vez que não utiliza pesticidas e fertilizantes.


  • Diminuição das emissões de gases de efeito de estufa: de acordo com a Textile Exchange, o algodão orgânico cria praticamente 50% menos emissões de gases de efeito de estufa, por não usar fertilizantes e pesticidas (que libertam dióxido de nitrogénio) e recorrer menos à mecanização. No entanto, temos de referir um relatório da Agriculture and Human Values, de 2015, que defende que o cultivo do algodão orgânico em grande escala pode, na verdade, produzir mais gases de efeito de estufa do que o cultivo convencional.


O algodão engana?


O algodão orgânico, por definição, vem de plantas que não foram geneticamente modificadas. Devido a essa diferença, para conseguir a mesma quantidade de fibra, é necessário plantar mais algodão, o que significa usar mais terra, e essa terra tem de ser cuidada e irrigada, o que exige mais água.


Ou seja, há quem defenda que, porque o algodão orgânico tem um rendimento menor em comparação com as culturas de algodão convencionais, ele, na verdade, requer mais água. No entanto, a grande maioria dos produtores de algodão orgânico cultiva outros produtos, otimizando os seus recursos.


E mais, além de cerca de metade das culturas de algodão a nível global – orgânicas ou convencionais – recolher a água das chuvas, de acordo com a Cotton Inc., no caso do cultivo de algodão orgânico, 95% da água usada é água verde (água da chuva e água armazenada no solo).


Alguns especialistas defendem que o algodão orgânico exige menos água ao longo do tempo porque o solo com mais carbono proveniente da matéria orgânica armazena melhor a água.

Não obstante, a verdadeira questão sobre a água é a poluição, defende a Textile Exchange, sublinhando que os produtos químicos tóxicos do algodão tradicional estão a envenenar a água que dizem poupar.



Como fazer o tingimento do algodão orgânico?


É importante que, neste caminho sustentável, as indústrias que utilizam algodão orgânico procurem também outras alternativas que dispensem o uso de produtos químicos durante o processo de tingimento.


Na indústria do algodão comum ou regular, tanto no início do processo de tecelagem, quando se faz a lavagem das fibras, como no processo de tingimento, há a introdução de resíduos tóxicos que depois são libertados e que poluem o ambiente, continuando a atuar em cada lavagem da peça de roupa, por exemplo.


No processo de produção do algodão orgânico, apenas corantes naturais devem ser utilizados no tingimento.


O processo de tingimento do algodão orgânico pode levar de 2 dias a um mês, dependendo da cor desejada.


No tingimento do algodão orgânico, são necessários corantes naturais, como raízes de plantas (como a ruiva-dos-tintureiros), ou tanino (obtido da casca de carvalho), que dará ao tecido vários tons de vermelho, roxo e castanho, ou índigo natural (extraído de plantas) como alternativa aos corantes sintéticos.


Esta prática tem tido um desenvolvimento crescente, para que haja mais opções de cores disponíveis. Não se esqueça: o algodão pode ser orgânico, mas a cor pode ser originária de uma substância química, com metais pesados; por isso, fique sempre atento à certificação do produto final.


Certificação GOTS


O Global Organic Textile Standard (GOTS) é uma norma para tecidos orgânicos reconhecida internacionalmente.


Desde a sua introdução, em 2006, o GOTS demonstrou a sua viabilidade prática e foi apoiado pelo aumento do consumo de fibras orgânicas.


O GOTS garante o estatuto orgânico dos tecidos: da colheita das matérias-primas, ao fabrico ambiental e socialmente responsável até a rotulagem, oferecendo garantias confiáveis ao consumidor.


A norma GOTS abrange o processamento, o fabrico, o embalamento, a rotulagem, o comércio e a distribuição de todos os tecidos com pelo menos 70% de fibras naturais orgânicas certificadas.


Quais são as principais garantias dos produtos certificados GOTS?


A certificação de têxteis biológicos e ecológicos garante que os processos de produção e transformação sejam amigos do ambiente, que se respeitem e melhorem as condições de trabalho, que se promova a utilização de fibras provenientes da agricultura biológica e que se proíbam os factores de produção perigosos, como metais pesados tóxicos, solventes aromáticos, etc.


O GOTS aplica-se a produtos compostos por fibras, lã, tecidos, roupas e tecidos para estofos (exceto produtos de couro). Saiba mais sobre o GOTS.


Sacos RAW BAG, da ISOL BARCELONA, certificação GOTS
Os sacos RAW BAG, da ISOL BARCELONA, são um exemplo de produtos com certificação GOTS


Quais são as características do algodão egípcio?


A expressão «algodão egípcio» é para a maioria sinónimo de algodão de elevada qualidade e é considerado um tipo de algodão de luxo. Caracteriza-se pelo comprimento, macieza e resistência dos fios de algodão.


Todas estas características, que fazem do algodão egípcio um caso de sucesso, devem-se ao clima onde é cultivado: um clima quente e árido, com as condições ideais para o cultivo de fibras mais longas, com maior durabilidade e suavidade. São as chamadas fibras extra longas (“extra-long staple” ou ELS).


É preferencialmente cultivado no delta do rio Nilo, onde há uma combinação perfeita entre o clima de sol intenso, pouca chuva e terra húmida para a criação de fibras extra longas.


Dado que o algodão egípcio corresponde a apenas 0,5% da produção mundial de algodão, o seu estatuto de luxo e raridade sai reforçado.


Vantagens do algodão egípcio


Uma das principais vantagens do algodão egípcio, além da qualidade, durabilidade e macieza dos fios, é a sua pureza (menor probabilidade de alergias para peles sensíveis) e absorção (capacidade excecional de absorver líquidos, tornando-a excelente para toalhas).


Este tipo de algodão não tem de vir necessariamente do Egipto, desde que o local de cultivo apresente o mesmo clima de deserto, quente e seco.


Algodão egípcio e algodão pima: são equivalentes?


O algodão pima e o algodão egípcio têm qualidades similares, já que são ambos feitos de fios de algodão superiores da mesma planta, Gossypium barbadense, conhecidos pela sua macieza, resistência e qualidade, mas existem algumas diferenças.


O algodão pima é um algodão de fibras extra longas (FEL) cultivado principalmente no microclima característico da região peruana, que possibilita a produção de fios mais longos, também com muita durabilidade, leveza e maciez. As FEL de algodão, que têm pelo menos 3,5 cm, formam tecidos mais macios e duráveis do que os outros algodões.


Cada vez mais os produtores destes dois tipos de algodão, egípcio e pima, estão a procurar produzir versões orgânicas sustentáveis, tornando-as boas escolhas para o consumidor.


Sacos RAW BAG, da ISOL BARCELONA, algodão orgânico


Conclusão


O algodão orgânico é produzido de forma sustentável, sem a utilização de produtos químicos agrotóxicos, protegendo os recursos naturais, respeitando o Homem e o ambiente.


O algodão orgânico é uma fibra natural, antialérgica, biodegradável e respirável, livre de resíduos químicos, com uma textura suave, sem riscos para a saúde.


Mas há muito por fazer: menos de 1% de todo o algodão produzido atualmente é orgânico. As boas notícias são as de que o algodão orgânico é um nicho de mercado que está a crescer, com um número crescente de marcas, como a H&M, a C&A, a Puma, a Nike ou a Benetton a defenderem e a apostarem cada vez mais nesta fibra natural.


Optar pelo algodão orgânico não é só uma forma de consumo sustentável, mas também de bem-estar, que preserva a saúde de todos envolvidos: do agricultor que cultiva, de quem fabrica e de quem compra: o consumidor final, que somos todos nós.




Artigo de Catarina Pereira



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